domingo, 25 de janeiro de 2009

Maria Stuart



 

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Gosto muito da história da Inglaterra. Sempre dividida entre as tensões constantes da tradição e da modernidade, conseguiu criar uma memória de um país que resolve as suas questões por meio de suas próprias instituições. Como Christopher Hill demonstrou em várias obras, não foi bem assim. Os séculos XVI e XVII foram especialmente tumultuados. A reforma protestante, que chegou por meio do próprio Estado no papel de Henrique VIII causou turbulências que só foram apaziguadas com a Revolução em 1640. Some-se a isto as ferrenhas disputas de poder tão comuns às realezas e temos o pano de fundo desta peça de Schiller, que assisti ontem. Engraçado que atualmente este período está em moda no cinema e na tv, o que se pode notar facilmente em séries como The Tudors e no filme A Outra.

Voltando a peça. O texto trata dos anos finais da vida de Maria Stuart (Júlia Lemmertz) a rainha escocesa, que presa em um castelo da Inglaterra após fugir do seu país, acusada de mandar matar seu marido e o seu amante, ameaça pela sua origem o governo de Elizabeth I (Clarice Niskier), filha de Ana Bolena, uma rainha forte mas insegura. A montagem manteve o texto clássico de 1800, traduzidos por Manuel Bandeira, com algumas formas mais arcaicas (que o torna um pouco cansativo), com um cenário minimalista e figurinos modernizados, mas com um sutil toque de época. Os ambientes são delimitados apenas pelo foco da luz, e os guardas do palácio é que fazem as mudanças no palco, em uma sacada bem interessante do diretor Antonio Gilberto. Quanto as atuações, eu gostei bem menos da Julia Lemmertz do que na peça anterior que assisti, Molly Sweeney. Em vários momentos sinto que podia ser um pouco mais contida, dando mais peso ao seu papel. Já a Rainha Elizabeth é poderosa e frágil, com uma expressão muito marcante de Clarice Niskier. Gostei muito do Conde de Leicester (André Corrêa), que oscila entre o cômico e o trágico com muita leveza e graça.

A peça é um tanto cansativa, já que tem a duração de três horas. Porém vale a pena, tanto para uma imersão a um estilo de teatro mais tradicional, e pelo próprio período histórico em que se passa. Volta-se para casa doido para algumas consultas na Wikipédia…

Onde: CCBB Brasília

Quando: Quintas a sábados 20:00h, domingos às 19:00h. Até 15/02.

Quanto: R$ 15,00 a inteira.


2 comentários:

  1. A peça é realmente interessante apesar de cansativa como já foi dito. Tem o fato de ter ficado um pouco perdida em relação ao contexto histórico. Recomendo chegar mais cedo e ler o livrinho antes da peça para ficar mais a par dos acontecimentos. Sei que é uma recomendação óbvia mas como não fiz...
    Gostei muito da atuação da Clarice, mesmo chegando em segundo momento ela consegue ser a mais esperada nos minutos seguintes. Mas gosto de todos, ate dos guardas que não falam nada mas arrumam o cenario de uma forma sincronizada.

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  2. Ótimo comentário Cátia. Continue assim... Sabia que vc é a primeira pessoa "de fora" a comentar? ÊÊÊ...

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