sexta-feira, 22 de maio de 2009

Cenas da educação brasileira



Como já deu para perceber, dei uma boa sumida aqui do 'Entidade'. O motivo principal (mas não o único, já que não posso renegar minha notória preguiça...), é o fato de ter me tornado professor em uma escola pública aqui na mui formosa cidade de Samambaia, a cerca de 40 km de Brasília.

Quando fui chamado para assumir o cargo, no caso contrato temporário, na escola pensei que iria assumir turmas regulares de segundo grau na disciplina que eu sou formado história. Ledo engano. Me colocaram em um projeto de "aceleração", para aqueles alunos que estão fora da série esperada pela sua idade. Este projeto é baseado no telecurso 2000 da Fundação Roberto Marinho, no qual nós, os professores, são apenas "orientadores" para o aprendizado da "galera".

Os alunos recebem todo o material para estudar, como livros que possuem a matéria exibida na teleaula (simplificada, é claro) e exercícios (com as respostas no final). É tudo em um nível muito rasteiro, destinado a facilitar a saída dos alunos da rede pública com os seus diplomas. Tanto é assim que bastam os alunos copiarem as respostas do final do livro para a os campos correspondentes nos capitulos da aula do dia para ganharem um "visto", já que corrigir não adianta. Como dá para perceber, é bem 3ª série mesmo...

Pois bem. Esta introdução é só para contar um diálogo surreal que me aconteceu um dia quando estava dando os tais vistos nos livros. Na aula daquela noite fora exibida duas teleaulas e portanto eu teria que dar vistos em dois capitulos. Nisto, chega uma aluna para mostrar o seu livro:

Aluna. - Professor, olhe o meu livro.
Eu. - Tudo bem.
Aluna. - Professor, eu só fiz um dos capitulos porque eu perdi o resto das folhas com as respostas...
Eu. - ...
Aluna. - ...
Eu. - Você chegou a pensar em fazer os exercícios por conta própria?
Aluna. - Não...

A que ponto chegamos.



2 comentários:

  1. Sempre a lei do menor esforço... Mas dá para entender porque essa galera faz isso - eles querem somente o diploma, e o que talvez ele irá proporcionar (um emprego melhor, maior consideração dentro da família), e não o que ele proporciona (o conhecimento). Além disso, imagino que a maioria trabalha durante o dia.

    ResponderExcluir
  2. eh por isso que hoje estou onde estou...rsrs
    Sei que tem gente que tem vocação pra ser professor mas com certeza essa não é a minha...Por incrivel que pareça estou muito melhor onde estou. Embora muito duvidam.... =D

    ResponderExcluir

Diga alguma coisa!